Pará necessita resolver suas pendências fundiárias
(Imazon) No Pará, a situação fundiária é
confusa e associada a conflitos no campo. De todo o território estadual, 39%
apresentam pendências de regularização fundiária, justamente o mesmo território
que concentra 71% do desmatamento no Estado. É o que aponta um levantamento
recente realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon,
que avaliou situação fundiária do Pará com dados de diferentes instituições
fundiárias e ambientais.
Brenda
Brito, pesquisadora do Imazon e co-autora do estudo, reforça “a necessidade de
avançar com a definição dos direitos a terra no Estado, pois os investimentos
de longo prazo para recuperação de áreas degradadas e para intensificação de
produção agropecuária em áreas já abertas dependerão da garantia de direitos a terra”.
O estudo
avaliou também o percentual de área sem definição fundiária no Pará que já
estaria sob algum processo de regularização. O resultado é que 36% do Estado
ainda não possuem processos em tramitação em órgãos fundiários com informações
disponíveis.
Por outro lado, analisando as
informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR), administrado pela Secretaria de
Meio Ambiente do Estado, o estudo identificou uma área expressiva de ocupação
privada que potencialmente não possui regularização fundiária. Apesar de não
representar juridicamente um cadastro para fins fundiários, o CAR indica áreas
com ocupações privadas, cujos ocupantes aceitaram se cadastrar. “Estes dados
indicam uma oportunidade para utilizar o Cadastro Ambiental Rural como uma
ferramenta para acelerar a regularização de terras”, afirma Brenda Brito. “Como
o CAR já indica a localização geográfica do imóvel e várias informações sobre o
uso da terra por propriedade, algumas etapas do processo de regularização
poderiam ser otimizadas”, completa.
Além dessa recomendação voltada à
integração entre CAR e regularização fundiária, o Instituto propõe a criação de
um grupo de trabalho intergovernamental para regularização fundiária, visando a
definir áreas prioritárias e planejar atuação conjunta para ações de
georreferenciamento de imóveis e efetiva regularização das pendências.
Finalmente, o estudo enfatiza a
necessidade dos órgãos fundiários divulgarem publicamente as informações sobre
os imóveis regularizados e em processo de regularização, aumentando a
transparência sobre a ocupação do território no Estado. “Já existem alguns
exemplos de aumento de transparência de dados sendo implementados pelo Programa
Terra Legal do Governo Federal, mas é preciso que os órgãos estaduais de terra
também disponibilizem seus dados”, conclui Brenda.
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