O alto preço pago pelos trabalhadores e consumidores paraenses pela privatização da Celpa
Em Xinguara e Tucumã, sul do Pará, a empresa
deixou de fornecer as faturas aos consumidores do município
Moraes Filho da
redação do Manancial de Carajás
A privatização dos serviços essenciais,
impulsionada pela política neoliberal dos anos 90, provocou e continua
provocando danos imensuráveis em um curto período histórico. Setores
estratégicos para a soberania do Brasil, como a energia elétrica, tiveram parte
significativa transferida à iniciativa privada, causando aumento das tarifas,
piora nas condições de trabalho do setor e a precarização do serviço.
A Centrais Elétricas do Pará (Celpa)
era uma empresa do Estado brasileiro que, no auge do projeto neoliberal, foi
laboratório e vitima desta rapinagem.
Preocupado com a grave situação
financeira que levou a Centrais Elétricas do Pará – Celpa a entrar em processo
de recuperação judicial, em março de 2012 o senador Jader Barbalho (PMDB)
procurou seu colega de partido, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,
para externar sua preocupação com as consequências que poderiam advir ao final
do processo judicial.
“A CELPA foi uma empresa de economia
mista controlada pelo Governo do Pará e organizada sob forma de sociedade por
ações da capital autorizado e fechado. Em 1998, no processo de privatização
comandado pelo governo federal de Fernando Henrique Cardoso e, e sob o governo
estadual de Almir Gabriel, a Celpa foi privatizada para o Grupo Rede.
O Grupo Rede era uma empresa
terceirizada da Celpa, que prestava serviços de suporte técnico em informática,
e contra a qual, inclusive, já pesava um erro em um programa de emissão das
tarifas que no período elevou de forma exorbitante a conta de luz das famílias
paraenses.
“Uma vez que o Grupo Rede é o
mesmo que, um mês antes da privatização aumentou exageradamente as contas de
luz, depois alegou um erro no programa de cálculo e conferência dos medidores.
E ficou por isso mesmo.” (Extraído de http://www.annesillva.xpg.com.br/5.html-
acesso 20 de maio de 2013).
O processo de privatização teve seus
efeitos imediatos na vida dos trabalhadores, pois aumentou a terceirização,
efetivou cortes salariais e a perda de outros direitos adquiridos
anteriormente.
Para os trabalhadores do setor, esse já
era um crime anunciado, pois era evidente que a política adotada pelo Grupo
Rede levaria a empresa às condições que se encontra atualmente.
Um fator apontado pelo Sindicato dos
Urbanitários de Belém para o endividamento da Celpa foi o fato da empresa fazer
empréstimos milionários para investir em outras empresas do mesmo grupo em
outras regiões do Brasil.
Segundo o Sindicato, a administração
centralizada e distante do Pará (as principais decisões eram tomadas em São
Paulo), a total falta de autonomia dos trabalhadores, a terceirização e a
deterioração dos índices de qualidade são fatores, também, que ajudaram na sua
falência.
Os dados sobre a Celpa impressionam.
Das 63 empresas que distribuem energia no Brasil, ela está em último lugar em
qualidade. Cada brasileiro ficou durante o ano de 2012 em média 20 horas sem
energia, mas os paraenses ficaram mais de 100 horas.
FATURAS - Os
consumidores das vilas e comunidades distantes de centros urbanos enfrentam
filas enormes para pegar a conta de luz nos escritórios da Celpa. Os
funcionários trabalham sob pressão psicológica com filas intermináveis à sua
frente.
Quando a conta de luz atrasa por
irresponsabilidade da empresa, os consumidores pagam multa. As perdas de energia
da Celpa chegam a 35%, sendo 1/3 assumido pela empresa e 2/3 pelos
consumidores.
A privatização já se mostra altamente
prejudicial aos trabalhadores do setor, bem como ao conjunto da classe
trabalhadora no Pará, que consome a energia distribuída pela Celpa.
No município de Xinguara, no sul do
Pará, os consumidores estão apreensivos ultimas decisões da empresa que deixou
de fornecer as faturas para os consumidores.
Em razão disso, muitos estão
ingressando na justiça contra a empresa.
Extraído do Brasil de Fato e os detalhes
relacionados ao sul do Pará e a Jader Barbalho são de autoria do
Manancial de Carajás.
Comentários
Postar um comentário