Por problemas de Saúde, Advogado renúncia a presidência da 18ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Tucumã.
Confira a integra da Carta da Renúncia no Blog
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CARTA DE RENÚNCIA DA PRESIDÊNCIA DA 18ª SUBSEÇÃO DA OAB/PA
Excelentíssimos Doutores Advogados da 18ª Subseção da OAB/PA,
E com pesar no meu coração já inchado e com algumas falhas, que
me dirijo aos nobres
membros desta entidade para comunicar a minha RENÚNCIA ao
louvável cargo de
Presidente da
Subseção de Tucumã. Sonhei muito, não só com uma Subseção de peso, mas com uma
OAB forte para todos os advogados. Sejam eles novos, velhos, homens, mulheres,
ricos ou pobres. Porém, um sonho que se sonha sozinho pode se transformar em
pesadelo e roubar-nos o sono.
Sempre tentei
afastar, na medida do possível, o interesse individual. Procurando sempre
pensar no grupo e buscar manter uma classe forte e respeitável. Principalmente
para que colegas não passassem apuros jurídicos, de desrespeito, falta de
produtividade e reconhecimento, ausência de valores humanos e jurídicos no
caminhar do direito, como vem acontecendo. Inclusive a que fui, por várias
vezes, vitimado.
Porém, anoto que
minha ultima experiência de desafeto com um membro representante do poder
Judiciário, entornou a ultima gota no meu oceano de tolerâncias. Como também
assolou minha resistência física e psíquica a todas as contrariedades que nossa
profissão vem amargando. Chegando ao ponto de me fazer desacreditar totalmente
na recuperação do sistema jurídico em nosso País. Em especial nossa tão querida
e desolada região sul paraense.
AVC
Tive sim um AVC. O
qual foi agravado por uma depressão abstrusa profunda que nem eu sabia que
tinha. Pensava que meus mal-estares, dormências localizadas, falta de ar
momentâneos, dentre outras pequenas clamas do meu organismo, fossem apenas
resultados de um stress profissional ou “frescuras” mesmo.
Não me sinto
injustiçado por fulano ou cicrano, ao contrário do que possam pensar alguns.
Sinto-me apenas mais uma vítima da frustração monumental, que muitos também
sentem, ao tentar mudar os rumos do nosso atual sistema social, político e,
principalmente, o jurídico. O Direito, como aplicado nas faculdades e
idealizado pelos nossos grandes pensadores, está Desfalecendo. Isto frente a
uma estranha desvalorização moral, social e profissional dos causídicos. E de
uma atual condução perigosa da máquina judiciária e da justiça. Onde muitos,
motivados pela comoção e alarde social, instigado pela mídia e posturas
ideológicas próprias de alguns alienados ou togados, acabam por cometer enormes
abusos processuais.
Se esquecendo dos
princípios basilares do direito e do respeito ao cidadão humilde ou não, bem
como os sérios operadores do direito, principalmente os advogados. Foram muitos
sofrimentos e decepções várias. Mas também tivemos grandes conquistas e honras
e orgulhos, em especial aos que tive ao presidir esta conceituada subseção de
TUCUMÃ.
Este sentimento é
único e intransferível. Porém, faço minhas as palavras do nosso louvável Jânio
Quadros, em sua Carta de Renúncia: “Fui vencido pela reação e, assim, deixo o
Governo. (...), cumpri meu dever. Tenho-o cumprido, dia e noite, trabalhando infatigavelmente,
sem prevenções nem rancores. Mas, baldaram-se os meus esforços para conduzir
esta Nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, o
único que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem
direito o seu generoso povo. Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando,
nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses
gerais aos apetites e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive, do
exterior. Forças terríveis levantam-se contra mim, e me intrigam ou infamam,
até com a desculpa da colaboração. (...). Encerro, assim, com o pensamento
voltado para a nossa gente, para os estudantes e para os operários, para a
grande família do País, esta página de minha vida e da vida nacional. A mim,
não falta a coragem da renúncia.(...)”(Grifo meu) Agora terei que caminhar numa
via mais serena. Forçado a buscar tempo suficiente para cuidar um pouco de mim.
Procurar novas formas de fazer e contar a histórias de minha vida.
Também buscarei mais
tempo para minha família e, para dedicar a projetos mais singelos e prazerosos,
que não atinjam diretamente meu ímpeto de mudanças profundas e, talvez, utópicas.
Pelo menos, por enquanto.
Por fim, peço mil
desculpas sinceras para todos aqueles colegas advogados que sempre estiveram do
meu lado. Apenas interessados, de forma verdadeira, na valorização desta
importante e honrosa profissão cidadã e na luta pela Justiça, em defesa da Lei
Maior e do verdadeiro Estado Democrático de Direito.
Tenham forças meus
amigos! E cuidem mais de si mesmo e de seus organismos. Não deixe os fatores
exteriores lhe darem uma rasteira, como aconteceu comigo. Sempre estarão nos
meus pensamentos e, sempre que precisarem, estarei pronto para servi-los e
segui-los.
Termino desejando,
sinceramente, boa sorte a todos e que DEUS abençoe o futuro da
Advocacia.
Ourilândia do Norte/PA, 17 de setembro de 2013.
Cesanio Rocha Bezerra – OAB/PA 14.767-A
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