Por problemas de Saúde, Advogado renúncia a presidência da 18ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Tucumã.



Confira a integra da Carta da Renúncia   no Blog http://blogreportercarajas.blogspot.com.br/
CARTA DE RENÚNCIA DA PRESIDÊNCIA DA 18ª SUBSEÇÃO DA OAB/PA
Excelentíssimos Doutores Advogados da 18ª Subseção da OAB/PA,
E com pesar no meu coração já inchado e com algumas falhas, que me dirijo aos nobres
membros desta entidade para comunicar a minha RENÚNCIA ao louvável cargo de
Presidente da Subseção de Tucumã. Sonhei muito, não só com uma Subseção de peso, mas com uma OAB forte para todos os advogados. Sejam eles novos, velhos, homens, mulheres, ricos ou pobres. Porém, um sonho que se sonha sozinho pode se transformar em pesadelo e roubar-nos o sono.
Sempre tentei afastar, na medida do possível, o interesse individual. Procurando sempre pensar no grupo e buscar manter uma classe forte e respeitável. Principalmente para que colegas não passassem apuros jurídicos, de desrespeito, falta de produtividade e reconhecimento, ausência de valores humanos e jurídicos no caminhar do direito, como vem acontecendo. Inclusive a que fui, por várias vezes, vitimado.
Porém, anoto que minha ultima experiência de desafeto com um membro representante do poder Judiciário, entornou a ultima gota no meu oceano de tolerâncias. Como também assolou minha resistência física e psíquica a todas as contrariedades que nossa profissão vem amargando. Chegando ao ponto de me fazer desacreditar totalmente na recuperação do sistema jurídico em nosso País. Em especial nossa tão querida e desolada região sul paraense.
AVC
Tive sim um AVC. O qual foi agravado por uma depressão abstrusa profunda que nem eu sabia que tinha. Pensava que meus mal-estares, dormências localizadas, falta de ar momentâneos, dentre outras pequenas clamas do meu organismo, fossem apenas resultados de um stress profissional ou “frescuras” mesmo.
Não me sinto injustiçado por fulano ou cicrano, ao contrário do que possam pensar alguns. Sinto-me apenas mais uma vítima da frustração monumental, que muitos também sentem, ao tentar mudar os rumos do nosso atual sistema social, político e, principalmente, o jurídico. O Direito, como aplicado nas faculdades e idealizado pelos nossos grandes pensadores, está Desfalecendo. Isto frente a uma estranha desvalorização moral, social e profissional dos causídicos. E de uma atual condução perigosa da máquina judiciária e da justiça. Onde muitos, motivados pela comoção e alarde social, instigado pela mídia e posturas ideológicas próprias de alguns alienados ou togados, acabam por cometer enormes abusos processuais.
Se esquecendo dos princípios basilares do direito e do respeito ao cidadão humilde ou não, bem como os sérios operadores do direito, principalmente os advogados. Foram muitos sofrimentos e decepções várias. Mas também tivemos grandes conquistas e honras e orgulhos, em especial aos que tive ao presidir esta conceituada subseção de TUCUMÃ.
Este sentimento é único e intransferível. Porém, faço minhas as palavras do nosso louvável Jânio Quadros, em sua Carta de Renúncia: “Fui vencido pela reação e, assim, deixo o Governo. (...), cumpri meu dever. Tenho-o cumprido, dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções nem rancores. Mas, baldaram-se os meus esforços para conduzir esta Nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, o único que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo. Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis levantam-se contra mim, e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração. (...). Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes e para os operários, para a grande família do País, esta página de minha vida e da vida nacional. A mim, não falta a coragem da renúncia.(...)”(Grifo meu) Agora terei que caminhar numa via mais serena. Forçado a buscar tempo suficiente para cuidar um pouco de mim. Procurar novas formas de fazer e contar a histórias de minha vida.
Também buscarei mais tempo para minha família e, para dedicar a projetos mais singelos e prazerosos, que não atinjam diretamente meu ímpeto de mudanças profundas e, talvez, utópicas. Pelo menos, por enquanto.
Por fim, peço mil desculpas sinceras para todos aqueles colegas advogados que sempre estiveram do meu lado. Apenas interessados, de forma verdadeira, na valorização desta importante e honrosa profissão cidadã e na luta pela Justiça, em defesa da Lei Maior e do verdadeiro Estado Democrático de Direito.
Tenham forças meus amigos! E cuidem mais de si mesmo e de seus organismos. Não deixe os fatores exteriores lhe darem uma rasteira, como aconteceu comigo. Sempre estarão nos meus pensamentos e, sempre que precisarem, estarei pronto para servi-los e segui-los.
Termino desejando, sinceramente, boa sorte a todos e que DEUS abençoe o futuro da
Advocacia.

Ourilândia do Norte/PA, 17 de setembro de 2013.
Cesanio Rocha Bezerra – OAB/PA 14.767-A

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