O veto voltará a ser analisado em nova sessão do Congresso Nacional, em data a definir.
(Reportagem / Câmara dos Deputados) Com receio
do baixo quórum entre os senadores, as bancadas da Câmara dos Deputados
lançaram mão da obstrução e adiaram a votação do veto da presidente Dilma
Rousseff ao projeto que regulamenta a criação de municípios (PLP 416/08). A sessão foi acompanhada por manifestantes
a favor da criação de novos municípios que, das galerias do Plenário, cobraram
a derrubada dos vetos.
Um dos
articuladores da manobra para adiar a votação, o deputado Danilo Forte
(PMDB-CE) explicou que o baixo número de senadores daria vitória ao governo, já
que não seria possível angariar os 41 votos necessários para derrubar o veto.
“Para manter viva esta matéria, para não enterrar esta discussão e postergar
por dois ou quatro anos com a discussão de um novo projeto, vamos derrubar a sessão
e discutir este tema na próxima sessão do Congresso”, explicou Forte.
A obstrução
foi seguida pela maioria dos partidos, deixando apenas o PT na defesa da
votação do veto ainda nesta terça-feira. A nova data de votação será definida
pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, mas alguns parlamentares
defenderam que ela seja realizada na próxima terça-feira (25).
O líder do
governo no Senado, senador José Pimentel (PT-CE), lamentou. “O governo queria
votar, garantiu o quórum no início dos trabalhos, mas os partidos na Câmara
impediram a votação”, disse. Ele não quis comentar sobre a estratégia do
governo diante do impasse ou se o governo aproveitaria o tempo para costurar
melhor um acordo em torno de um novo projeto. “Cada dia com sua pauta”, afirmou.
Expectativa
de votação
Entre os líderes da Câmara, a sensação é de que o veto certamente seria derrubado pelos deputados, mas não havia certeza em relação ao voto dos senadores. Como o projeto é de autoria do Senado, a votação começa pelos senadores. Se o veto for mantido no Senado, os deputados sequer são chamados a voto.
Entre os líderes da Câmara, a sensação é de que o veto certamente seria derrubado pelos deputados, mas não havia certeza em relação ao voto dos senadores. Como o projeto é de autoria do Senado, a votação começa pelos senadores. Se o veto for mantido no Senado, os deputados sequer são chamados a voto.
Desde o
começo da tarde, os líderes de grandes bancadas na Câmara, como o PMDB e PSD,
defenderam abertamente a derrubada do veto. O líder do PSD, deputado Moreira
Mendes (RO), disse que as bancadas governistas racharam sobre o tema durante a
reunião de líderes da base.
Novo
projeto
Ao mesmo tempo, o governo procurou fechar no Senado um acordo em torno de um novo projeto de lei, que tenha critérios específicos para a criação de municípios em cada região. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu a nova proposta.
Ao mesmo tempo, o governo procurou fechar no Senado um acordo em torno de um novo projeto de lei, que tenha critérios específicos para a criação de municípios em cada região. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu a nova proposta.
“A lei
vetada é mais restritiva que a lei anterior, o que é um avanço. Ao mesmo tempo,
ela iguala situações distintas – uma coisa são os estados do Sul e Sudeste,
outra de outras regiões. Então, a discussão que se faz quer ajustar esta
concepção”, explicou Chinaglia.
Defesa
dos municípios
Em Plenário, os discursos foram todos a favor da derrubada do veto, tanto entre senadores quanto entre deputados. A maioria dos que subiram à tribuna representam estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que seriam os mais beneficiados com a nova legislação.
Em Plenário, os discursos foram todos a favor da derrubada do veto, tanto entre senadores quanto entre deputados. A maioria dos que subiram à tribuna representam estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que seriam os mais beneficiados com a nova legislação.
O autor do
projeto, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), disse que o texto é moralizador
e foi amplamente negociado com o Palácio do Planalto. "Foram 12 anos de
tramitação", declarou.
Relator do
projeto no Senado, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) também defendeu a derrubada
do veto. Ele disse que a proposta não terá tanto impacto nas contas públicas
quanto imagina o governo.
Já o
deputado Armando Vergílio (SDD-GO) disse que não se pode negar a distritos com
grande população a possibilidade de se emancipar. "O projeto traz
critérios específicos para cada região", ressaltou.
Para o
deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), trata-se de devolver aos estados o poder de
decidir sobre a criação e a fusão de municípios. "Na Constituição,
trouxeram dos estados para a União esse poder de deliberar sobre a emancipação
de municípios."
Por sua vez,
o deputado José Augusto Maia (Pros-PE) disse que, se o projeto estivesse em
vigor há mais tempo, cerca de 2.500 municípios não teriam sido criados.
"Estamos devolvendo critérios rígidos", disse.
Para o
senador Mário Couto (PSDB-PA), o governo não sabe escolher as suas prioridades.
"O governo vetou o projeto porque não tem mais dinheiro para investir nos
municípios, mas aceitou gastar milhões na Copa do Mundo", criticou.
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