Operação investiga pagamento ilícito a vereadores de Parauapebas, no Pará
Policiais e representantes do MPPA realizam operação nesta quinta-feira, 20. Dois empresários do município tiveram a prisão decretada e um já foi preso. |
A equipe do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MPPA cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão em seis endereços durante a manhã desta quinta, entre eles, a Prefeitura de Parauapebas. Dois empresários do município tiveram a prisão decretada por participação no esquema e um deles foi preso no início da manhã.
O empresário preso é Hamilton Ribeiro, proprietário de uma construtora e de uma imobiliária que prestam serviços à prefeitura municipal e é suspeito de comandar um esquema de pagamento de propina na câmara de vereadores. O sobrinho do empresário, Pedro Ribeiro, é apontado como o responsável por fazer os pagamentos ilegais e é alvo de um mandado de prisão temporária da operação.
Um dos locais de busca e apreensão da operação é a casa do vereador do Charles Borges (PROS), que será levado à sede do MPPA na cidade para prestar esclarecimentos. A Justiça determinou também o afastamento do vereador Maridé Gomes (PSC), por suspeita de participação no esquema.
Flagrante em vídeo
Os vídeos que resultaram na operação do MPPA foram gravados no final de setembro do estacionamento da Câmara Municipal de Parauapebas. Um deles registra Pedro Ribeiro entregando dinheiro ao vereador Maridé Gomes. Outro vídeo registra o encontro de Pedro com o vereador Bruno Soares (PSD). No vídeo, Pedro repassa a quantia de R$ 10 mil a Soares.
Em outra gravação, um homem não identificado conversa com o vereador Ivanaldo Braz (PSDB), presidente da câmara de vereadores do município. O homem afirma ter acesso aos vídeos dos pagamentos de propinas e exige dinheiro de Ivanaldo para não divulgar as imagens.
Investigações
Segundo o MPPA, Hamilton recebeu R$ 126 milhões da Prefeitura de Parauapebas entre os anos de 2013 e 2015, em contratos de pavimentação de estradas, aluguel de veículos e desapropriação de terrenos. Para os promotores, Hamilton pagou propina aos vereadores em troca de apoio da câmara para futuros contratos.
"O empresário Hamilton Ribeiro, nas palavras de seu sobrinho Pedro Ribeiro, tinha a intenção de cooptar todos os vereadores por meio do pagamento de uma mesada, de um 'mensalão' no valor de R$ 10 mil reais. É possível afirma que dinheiro público possa ter sido utilizado para pagar os vereadores", afirma o promotor de justiça Helio Rubens.
As investigações começaram após o então vereador Odilon Rocha afirmar na tribuna da câmara, na sessão do dia 24 de abril de 2015, que o salário do vereador do município é insuficiente para viver de forma honesta. "O valor que o vereador ganha aqui, se ele não for corrupto, ele mal se sustenta durante o mês", declarou.
Odilon foi preso suspeito de receber propina para fraudar licitações. Ele renunciou ao mandato e responde ao processo em liberdade. Outros cinco vereadores acusados de corrupção já foram afastados pela Justiça no município.
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