PLEBISCITO INFORMAL! Aponta que 95% querem que a Região Sul seja outro país.
(Com Informações da Folhapress). Se dependesse de 95,75% das 617.543
pessoas que votaram no plebiscito informal do último sábado (1), um novo país
seria criado com a separação do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná do
resto do Brasil. O resultado do levantamento foi divulgado nesta terça (4).
O número de participantes foi
inferior à meta inicial planejada, de 1 milhão de pessoas, o equivalente a 5%
dos eleitores do Sul.
plebiscito foi informal, e contou com a participação de menos de um milhão de pessoas (Foto: Reprodução). |
De acordo com o
movimento separatista "O Sul é meu país", apenas 4,25% dos
participantes foram contrários ao projeto. A maior parte dos votos contrários
foram concentrados no Paraná, onde 11,18% de 24.051 pessoas votaram
"não".
O Rio Grande do
Sul teve a menor porcentagem de contrários à separação: apenas 2,79% de 320.280
votantes. Em Santa Catarina, 5,37% das 273.212 pessoas que votaram também
responderam negativamente ao separatismo.
De acordo com o
advogado e integrante do movimento Adelar Bittencourt, 43, de São Lourenço do
Sul (RS), "todas as urnas foram escrutinadas em frente a testemunhas
públicas" e os dados de cada município foram remetidos a um sistema
eletrônico.
CRISES
Uma das principais razões para separar o Sul do Brasil, de acordo com o movimento, é a diferença entre o que os Estados arrecadam para a União e o que é devolvido em forma de investimento direto.
Uma das principais razões para separar o Sul do Brasil, de acordo com o movimento, é a diferença entre o que os Estados arrecadam para a União e o que é devolvido em forma de investimento direto.
O líder
catarinense Celso Deucher, 49, que faz parte do grupo de
"intelectuais" do movimento, alega que o Sul "não pode continuar
escravo de Brasília". Deucher também é adepto da ideia de
"Estado mínimo" e se considera um "capitalista e liberal, sem nenhum
constrangimento". Para ele, um bom exemplo a ser seguido pelo novo país
seria o da Suíça, país que ele já visitou quatro vezes.
O professor da
Unicamp Luís Renato Vedovato, 44, discorda da justificativa. "Em nenhum
outro lugar do mundo a razão econômica é fundamento para separação",
disse. O pesquisador publicou um artigo recentemente sobre o movimento
separatista brasileiro, em co-autoria com Alexandre Andrade Sampaio, em um
periódico da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Para Vedovato,
evocar o direito à "autodeterminação dos povos" apenas faria sentido
se fosse um caso de evidente violação de direitos humanos, como ocorreu em
Kosovo, que se separou da Sérvia.
"O caso
brasileiro é peculiar porque se luta para que outros lugares tenham menos direito",
diz Vedovato. O professor se refere à distribuição de renda que ocorre no
Nordeste, um dos motivos que explicam a diferença entre arrecadação e retorno
para o Estado, levantada por Deucher. Os separatistas, entretanto,
garantem que não são xenófobos. "Todos serão muito bem-vindos", diz
Deucher sobre o novo país.
UNIÃO
INDISSOLÚVEL
Os adeptos da ideia da separação discordam da interpretação jurídica de que o plebiscito informal é uma tentativa de desmembrar o Brasil.
Bittencourt compara a consulta separatista com a "Marcha da Maconha": o uso da droga é proibido, mas manifestar opinião pró-legalização não é proibido. Por isso, o advogado defende que o direito à expressão das ideias precisa ser assegurado.
Os adeptos da ideia da separação discordam da interpretação jurídica de que o plebiscito informal é uma tentativa de desmembrar o Brasil.
Bittencourt compara a consulta separatista com a "Marcha da Maconha": o uso da droga é proibido, mas manifestar opinião pró-legalização não é proibido. Por isso, o advogado defende que o direito à expressão das ideias precisa ser assegurado.
A separação dos
três Estados é proibida no primeiro artigo da Constituição, que
"estabelece que a República Federativa do Brasil é formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e Distrito Federal".
PROIBIÇÃO
A ideia original era realizar a enquete na mesma data das eleições municipais, mas a iniciativa foi vetada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), no final de julho.
A ideia original era realizar a enquete na mesma data das eleições municipais, mas a iniciativa foi vetada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), no final de julho.
A decisão do
desembargador Cesar Augusto Mimoso Ruiz Abreu, revelada pela Folha de S.Paulo,
alegava que a consulta poderia atrapalhar as eleições. Abreu também entendeu a
votação como uma tentativa de desmembrar parte do território nacional, o que é
considerado um crime com pena que varia de 4 a 12 anos de prisão. O crime
citado pelo TRE está previsto na lei 7.170, no artigo 11. Para o desembargador,
no entanto, como a data foi alterada, não havia nenhum impedimento para o
"Plebisul", como foi batizada a votação.
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