Com a presença de Michel Temer, Vale inaugura Complexo S11D Eliezer Batista neste sábado.
(Reportagem do Valor Econômico/ Foto/
Ricardo Teles). A Vale inaugura neste sábado (17), em Canaã dos Carajás,
o maior complexo de minério de ferro da companhia. Batizado de Complexo S11D
Eliezer Batista, em homenagem ao ex-presidente da empresa, o S11D recebeu
investimentos da ordem de US$ 14,3 bilhões e entrará em operação comercial em
janeiro do ano que vem.
Um dos objetivos do empreendimento é manter a posição da
Vale como a mineradora de ferro de menor custo da indústria. A previsão é que o
custo do minério do S11D entregue no porto da Vale em São Luís (MA) seja de US$
7,70 por tonelada, 41% menor sobre o número atual da empresa, de US$ 13 por
tonelada.
Mais recentemente, dentro da estratégia de privilegiar
margens em vez de volumes, a Vale estendeu a maturação do projeto. A capacidade
nominal, de 90 milhões de toneladas anuais, que seria atingida em dois anos,
deve agora ocorrer só em 2020, daqui a quatro anos.
A inauguração do S11D, com a
presença prevista do presidente Michel Temer, ocorre no momento de recuperação
nos preços do minério de ferro. No mercado, há receio que uma eventual escalada
nos preços leve a Vale a acelerar a produção do novo projeto, inundando o
mercado com minério. Mas em recente encontro com investidores em Nova York, o
diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, Peter Poppinga, disse que a
empresa não pretende apressar o desenvolvimento do S11D. “Hoje, do jeito que
nós estamos vendo, não temos nenhum plano para acelerar o S11D”, afirmou.
Em anos recentes, a sobreoferta da
commodity impulsionada sobretudo pelas mineradoras australianas foi
determinante para derrubar os preços. Em 2016, a disciplina sobre a oferta
ajudou por sua vez na recuperação das cotações. A estratégia da Vale, nesse
contexto, passa por aproveitar a qualidade do minério do S11D para aumentar a
mistura com os minérios mais pobres produzidos pela empresa nos Sistemas Sul e
Sudeste, em Minas Gerais, de forma a melhorar o preço final dos produtos e
ampliar margens.
Essa mistura será feita em maior
escala em portos da Ásia, incluindo a China, e também do Oriente Médio, como
Omã. Em 2017, a capacidade de mistura fora do Brasil vai aumentar mais de 5
vezes, atingindo volume entre 80 milhões e 90 milhões de toneladas ante uma
capacidade de 18 milhões de toneladas em 2015.
O S11D vai acrescentar, em etapas,
uma capacidade “líquida” de 75 milhões de toneladas de minério de ferro ao
sistema norte da Vale, no Pará. A produção na região sairá de 155 milhões de
toneladas em 2016 para 230 milhões em 2020. Assim, a produção total da Vale,
incluindo Minas Gerais, ficará entre 400 e 450 milhões de toneladas por ano até
o fim da década ante produção prevista para 2016 entre 340 milhões e 350
milhões de toneladas.
A previsão é que a Vale realize os
primeiros embarques comerciais do S11D em janeiro. De acordo com os últimos
dados disponíveis, o avanço físico do projeto é de 96%, incluindo mina e
unidade de beneficiamento. A estocagem de minério de ferro nos pátios foi
iniciada com mais de 300 mil toneladas de minério bruto.
A estimativa inicial era de que o
projeto custasse US$ 19,7 bilhões considerando mina, beneficiamento e
logística. Mas ganhos na implementação do projeto e também variações cambiais
ajudaram a reduzir esse custo para US$ 14,3 bilhões, dos quais US$ 6,4 bilhões
referem-se à mina e à usina e US$ 7,9 bilhões correspondem à parte logística,
que inclui a construção de um ramal ferroviário da Estrada de Ferro de Carajás
(EFC) e novos berços para atracação de navios no Terminal de Ponta da Madeira,
da Vale, em São Luís (MA).
Outro aspecto relevante do S11D para
a Vale e para a indústria da mineração é a tecnologia aplicada. Tendo em vista
as dificuldades cada vez maiores para as mineradoras conseguirem licenças
ambientais, o S11D traz inovações. O empreendimento apostou no processamento do
minério a umidade natural, sem uso de água, o que dispensa barragens, e também
um sistema de correias para transportar o minério da mina até a usina de
beneficiamento sem a necessidade dos caminhões fora de estrada. Dessa forma, o
projeto preservou uma área maior da Floresta Nacional de Carajás (Flona), de
onde a Vale extrai o minério.
Na última sexta-feira (12), a Vale
obteve a licença de operação para mina e usina do S11D, emitida pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Dessa
forma, a inauguração do projeto representa, simbolicamente, o início de uma
nova etapa, desde os primeiros estudos do empreendimento, há 15 anos.
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