Café, chocolate, vinho e peixes podem desaparecer por conta do aquecimento global
Mudanças climáticas
extremas, inclusive no Pará, colocam em risco o futuro de vários alimentos. Até
o nosso açaí está na lista
Portal ORM/News Não
consegue viver sem um cafezinho? Aprecia um bom vinho? É um chocólatra de
carteirinha? Estes e outros pequenos prazeres gastronômicos podem estar com os
dias contados... O motivo? As mudanças extremas no clima causadas pela ação do
homem.
Cientistas de diversos
países acionaram o sinal amarelo. É que estudos realizados por universidades e
entidades internacionais – entre elas a Stanford University, nos Estados
Unidos, e o Centro Internacional de Agricultura Tropical, na Colômbia –
revelaram as sérias consequências do aquecimento global na alimentação. Os
resultados apontam que secas rigorosas, chuvas torrenciais, verões escaldantes
e invernos glaciais podem levar ao desaparecimento por completo de inúmeros
alimentos que consumimos diariamente.
Vejamos o café, por
exemplo. Com secas cada vez mais intensas, o cultivo dos grãos ficará
mais difícil. As pesquisas feitas na Colômbia sugerem que 80% das áreas
produtoras de café nas Américas Central e do Sul podem simplesmente desaparecer
até 2050.
Tá, mas e o chocolate?
Também corre riscos. A produção de cacau e as áreas adequadas para o cultivo
dos grãos estão diminuindo por conta das altas temperaturas.
E uma delas fica bem
aqui, no Pará. Segundo o professor Paulo Jorge Souza, da Universidade Federal
Rural da Amazônia (Ufra), o estado ocupa a primeira colocação entre os
produtores de cacau, no Brasil, e o aquecimento global pode, sim, prejudicar
essa produção. “O padrão climático na Amazônia, de forma geral, vai sofrer uma
mudança no regime hídrico. As pesquisas indicam que o volume de chuvas vai
aumentar, mas o período chuvoso será mais curto”, explica.
A tendência é que, nos
três meses mais chuvosos na região – entre dezembro e fevereiro – o volume de
chuvas aumente 15%. Porém, nos trimestre mais seco – entre junho e agosto –
deverá haver uma redução de 30% nas precipitações. Uma variação que vai afetar
culturas de ciclo longo como o próprio cacau, mas, também, dendê,
pimenta-do-reino, abacaxi, mandioca e, pasmem, o açaí. “Essa alteração no
regime de chuvas vai gerar impactos significativos na produção regional”.
Ouça o que diz o
pesquisador sobre os impactos do aquecimento global na produção de alimentos na
Amazônia:
O que vai acontecer com
o açaí e outros alimentos cultivados hoje na Amazônia poderá ser o que já está
ocorrendo lá fora. Em algumas regiões tradicionais para a produção de vinhos,
como França, Chile e Austrália, o aquecimento global começa a
inviabilizar o cultivo da uva.
Mas, o pesquisador
paraense não acredita que esses alimentos vão desaparecer completamente da
mesa. Consumi-los, no entanto, deve ficar cada vez mais caro. “O que vai
acontecer é que esse produtos vão ficar cada vez mais escassos por causa da
alta do preço. Como já está acontecendo agora com o feijão, com 1kg custando R$
10 por conta da estiagem, da falta de chuvas. Com o açaí e a farinha de
mandioca, por exemplo, vai acontecer a mesma coisa”, acredita.
De acordo com
pesquisadores ouvidos pela BBC Brasil, nem os peixes, responsáveis por 17% da
ingestão de proteína animal em todo mundo, vão escapar dos efeitos causados
pelas mudanças drásticas no clima. A elevação da temperatura dos oceanos,
inclusive, já está afetando algumas espécies, que estão diminuindo.
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