O QUE FAZER? Chupar a ferida? Saiba que fazer ao ser picado por cobra
De 2000 a
2018, o Ministério da Saúde registrou 500.901 acidentes com cobras no país, com
1.991 mortes. São em média 26 mil picadas por ano, 2,1 a mil a cada mês.
Acidentes com cobras podem parecer não ser tão comuns, mas
não são tão raros como se imagina, especialmente em áreas de mata. Aqui no
Pará, principalmente no período do inverno amazônico, quando há cheias em rios
e canais, cobras são encontradas com mais frequência. Mas como agir caso você
ou alguém seja picado por uma serpente?
De 2000 a 2018, o Ministério da Saúde registrou 500.901
acidentes com cobras no país, com 1.991 mortes. São em média 26 mil picadas por
ano, 2,1 a mil a cada mês.
O Pará é o estado com maior número de acidentes, com
83.964 casos nesse período. Em termos percentuais, em 2018, foi Roraima o
estado com mais casos: 100,8 por cada 100 mil habitantes, a média nacional foi
de 13,9 mil.
Primeiros socorros
É importante destacar que, esse tipo de acidente tem
tratamento gratuito e é feito exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Desde 1986, toda a produção de soros é comprada pelo governo federal, que
repassa, de acordo com a demanda, as cotas para os estados.
Apesar de serem conselhos repassados pela cultura do saber
de pessoas mais velhas para as novas gerações, chupar o local do ferimento ou
amarrar o membro acometido, com um torniquete, por exemplo, são práticas não
recomendadas por especialistas e que podem piorar a situação da vítima.
Caso você faça um torniquete, o veneno vai agir na região
afetada de forma acentuada. E ao chupar o local da picada, pode acontecer a
entrada de microrganismos, podendo gerar infecções secundárias.
A primeira recomendação para um caso de picada, caso haja
algum local próximo, é lavar o local com água e sabão. A vítima deve ser
deixada deitada, e a região afetada elevada. Também é importante tirar objetos,
como relógios, pulseiras e sapatos, próximo do local da picada da vítima, isso
porque o local deve inchar e pode dificultar a circulação sanguínea.
O Ministério da Saúde disponibiliza uma lista de unidades
públicas específicas para se procurar em caso de picada. Elas estão em várias cidades espalhadas pelo país.
Mas e se não houver na cidade ou próximo ao local do
acidente? Bem, a orientação é que se leve de imediato ao pronto-socorro mais
próximo. Lá podem ser adotadas condutas iniciais e, caso seja confirmada que a
cobra é venenosa, a unidade de saúde leva o paciente de ambulância.
O tratamento no hospital é feito com o soro antiveneno,
que pode ser polivalente, no caso de não saber a espécie; ou específico, no
caso de identificação da cobra. Por isso, é importante tentar saber a espécie,
tirando uma foto, por exemplo, ou caso o animal esteja morto, levá-lo para a
unidade de atendimento médico para que seja administrado um soro mais
eficiente.
Dependendo dos sintomas, podem ser adotadas medidas para
alívio da dor. Na maioria das situações, o local da picada costuma ficar
inchado e dolorido. Entretanto, cada espécie de cobra tem um tipo de veneno
diferente, o que gera sintomas diferentes no paciente. Porém, tontura, náuseas
e vista turva são os mais comuns.
Não é ataque, é acidente
Segundo Maria Cristina Costa, professora do Laboratório de
Herpetofauna da Universidade Federal do Pará (UFPA), é um erro falar que há
"ataque de cobras" a humanos. "Nós evitamos utilizar a palavra
atacar, já que a serpente só vai morder ou picar quando ameaçada. Elas não
atacam deliberadamente", explica.
Segundo ela, o ser humano ocupou, historicamente,
ambientes naturais dos animais. "Essas mudanças causam o desequilíbrio de
todos os organismos que interagem. As serpentes são parte desses
ambientes", conta.
A professora lembra que, no Brasil, há registro de cerca
de 360 espécies de serpentes, mas apenas 54 espécies são venenosas. "Não
podemos tratar as serpentes como inimigas, elas apresentam um importante papel
no ecossistema. O desaparecimento delas provavelmente trará mais malefícios
para as pessoas do que benefícios", diz.
Ela ainda explica que os acidentes em áreas urbanas
ocorrem em locais específicos ou por problemas gerados pelo próprio homem.
"É comum nas áreas urbanas existirem parques, campos, lagos, que podem ser
abrigo de serpentes. Quando além destas características, ocorrerem acúmulo
excessivo de lixo da chuva, falta de saneamento básico, entre outros problemas
urbanos, as chances de ocorrerem acidentes por jararacas e outras serpentes
aumentam".
Segundo a pesquisadora, a mais mortal das serpentes no
país é da espécie coral. "Elas apresentam na composição do veneno a ação
neurotóxica. Mas acidentes por corais são muito raros, já que apresentam a
dentição inoculadora relativamente pequena, são animais de pequeno porte e
portanto a boca com abertura menor, diminuindo as chances de acidentes
humanos", explica.
Por fim, ela orienta formas para que as pessoas se
previnam de acidentes. "Para diminuir os riscos de acidentes deve-se
evitar andar desprotegido em ambientes onde potencialmente pode-se encontrar
serpentes, como matas, florestas, bordas de lagos e igarapés, plantações ou
próximo a entulhos. A proteção vai desde andar de botas nesses locais, a
utilização de luvas de couro quando utilizar as mãos para apanhar roçado,
frutas no chão etc.", finaliza.
O que fazer
em caso de acidente com cobras?
- Lavar o local da picada apenas com água ou com água e
sabão;
- Manter o paciente deitado;
- Manter o paciente hidratado;
- Procurar o serviço médico mais próximo;
-Se possível, levar o animal para identificação.
O que não fazer em caso de acidente com cobras?
- Não fazer torniquete ou garrote;
- Não cortar o local da picada;
- Não perfurar ao redor do local da picada;
- Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
- Não beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros
tóxicos.
Como prevenir acidentes com cobras?
- O uso de botas de cano alto ou perneira de couro,
botinas e sapatos pode evitar cerca de 80% dos acidentes;
- Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas
secas, montes de lixo, lenha, palhas etc. Não colocar as mãos em buracos. Cerca
de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços;
- Cobras se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos.
Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado
ao revirar cupinzeiros;
- Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não
deixar lixo acumulado. Fechar buracos de muros e frestas de portas;
- Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos,
telhas e madeiras, bem como não deixar mato alto ao redor das casas. Isso atrai
e serve de abrigo para pequenos animais, que servem de alimentos às serpentes. (Fonte:
Ministério da Saúde)
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