CORONAVÍRUS! Patrocinadores "somem" da Copa América para evitar desgaste
FONTE ESTADÃO: O
afastamento de importantes patrocinadores ocorre em um momento turbulento da
principal competição de seleções na América do Sul.
Após a decisão de Mastercard de não ativar suas marcas na
Copa América, torneio no qual é patrocinadora, outras empresas estão tomando o
mesmo caminho. Nesta quarta-feira, a Ambev anunciou sua decisão. "Ambev
informa que suas marcas não estarão presentes na Copa América. A companhia
segue com seu compromisso e apoio ao futebol brasileiro", disse.
O afastamento de importantes
patrocinadores ocorre em um momento turbulento da principal competição de
seleções na América do Sul. Segundo Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports
& Marketing, a postura da Mastercard, e agora da Ambev, é inédita.
"Achei um posicionamento extremamente estratégico, nunca tinha visto uma
situação como esta. A sacada da Mastercard faz com que outras sigam esse
caminho. Não me surpreenderei se isso ocorrer", comenta.
A Copa América deveria ter sido disputada em 2020, mas,
por causa da pandemia de covid-19, foi adiada. A realização conjunta entre
Colômbia e Argentina rompeu quando o primeiro, por problemas sociais no país,
abriu mão de receber as partidas. Depois, a Argentina também optou por pular
fora, por causa da dificuldade em lidar com o coronavírus.
A partir daí, o Brasil sinalizou que
poderia receber, mas em um momento que a pandemia registra números altíssimos.
"O evento vem demonstrando uma insegurança há um certo tempo e o cenário
não é favorável à imagem. Quando a gente pensa em evento esportivo, imagina
algo alegre, que vai unir os povos, que terá interação. Mas as polêmicas
provocam desgastes e o resultado disso é o posicionamento da Mastercard. Ela (a
empresa) continua achando a Copa América um baita evento, mas preferiu não se
associar neste momento", explica Wolff.
O especialista em marketing lembra
que as marcas estão se posicionando cada vez mais, seja de forma natural ou por
pressão dos consumidores. "Uma postura como a da Mastercard e agora da
Ambev mostra que as empresas não estão muito à vontade com o que está
acontecendo. Então elas se posicionam de forma estratégica, mas também existe
um marketing por trás disso, pois as pessoas enxergam os valores da
empresa."
Procuradas pelo Estadão, outras empresas como Kwai, TCL,
Betsson e Diageo, que patrocinam ou negociam para apoiar a Copa América, ainda
não se manifestaram.
Os procuradores alegam que a
realização da Copa América no Brasil não tem garantias de que não haverá alta
transmissibilidade e também que o evento colocará em risco a saúde dos
funcionários ligados à competição - jogadores, comissão técnica, jornalistas,
seguranças e serviços auxiliares. Para piorar o cenário, nesta quinta o Supremo
Tribunal Federal fará uma sessão virtual extraordinária para discutir uma
eventual suspensão da realização da competição.
E tudo isso ocorre em um momento de
tensão na CBF. O presidente, Rogério Caboclo, está afastado por 30 dias do
cargo para se defender da acusação de assédio moral e sexual por uma
funcionária da entidade. Ele foi o principal articulador da vinda da Copa
América para o Brasil junto à Conmebol e ao governo federal - o presidente Jair
Bolsonaro está dando total apoio à realização do torneio no País.
A Copa América tem início agendado para
domingo. Em Brasília, no estádio Mané Garrincha, às 18h, a seleção brasileira
enfrenta a Venezuela, pelo Grupo B. No mesmo dia, às 21h, Colômbia e Equador
duelarão na Arena Pantanal, em Cuiabá. Os jogos também ocorrerão em Goiás e o
no Rio de Janeiro. A final do torneio está marcada para 10 de julho, no
Maracanã.
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